Quinta-feira, 18 de Agosto de 2011

Capitulo 3 de Pride - Not found

Capitulo3 – Dia 11

 


                Ele ia calado, ia sempre assim. Não gostava que ela fizesse aquilo, mas mesmo assim teimava em ir busca-la depois do serviço feito. O que o tornava cúmplice e isso não agradava a Cally. Saber que ele podia vir a ser preso por sua causa irritava-a.
                -Queres ir a minha casa? – Perguntou-lhe quebrando o silêncio que havia entre eles.
                -Não sei se é boa ideia. O teu pai…
                -O meu pai não te mata Will. Se o fizesse daria muito nas vistas, o teu pai é um polícia e tu és a estrela do momento.
Ele suspirou.
                -Posso ir noutro dia? Hoje não me apetece muito. – Entraram no carro, estavam a sair da fábrica do tio de Cally. Ela tinha lá deixado a faca de metal. Cally agradecia muitas vezes ao tio por trabalhar naquela fábrica, caso contrário já tinha sido apanhada várias vezes; posta a faca no fogo não havia a prova principal, depois era só livrar-se das coisas mínimas e ter os cuidados necessários. Mas nenhum crime é perfeito e de certeza que ela já deixou algo para trás. Só restava a esperança que ela tinha para que não fosse encontrada.  
                -Como queiras – respondeu sentando-se mais confortavelmente no banco da frente do carro de Will. Ele percebeu que ela tinha ficado chateada e enviou-lhe um olhar de desculpas, ela apenas encolheu os ombros e ficou calada até chegar a casa.

A mãe de Cally estava a ler uma revista de decoração sem desviar o olhar. Ela olhou para Anita discretamente. Era uma mulher bonita mesmo tendo quarenta e três anos, tinha cabelo castanho avelã, uma pele a fugir para o moreno e uns olhos que eram um mistério. Por vezes sorria para Cally, mas não era como antes. Esta foi uma das vezes, sorriu-lhe e Cally fez o mesmo. Ela gostava da mãe, mas por vezes sentia que ela a queria longe, como se a culpasse de algo, mas se não conhecia o seu pequeno hobby, do que podia culpa-la? Cally estava a abrir a porta do corredor quando a ouve murmurar algo.
                -O quê?
                -Senta-te – mandou ela, Cally fez-lhe o favor e sentou-se a seu lado – às vezes, as pessoas têm que falar e…
                -Mãe, pára.
                -Mas…
                -Pára mãe! – gritou Cally sem se aperceber do feito. Anita estremeceu com o som. – Desculpa. – Pediu quando se apercebeu que a tinha assustado.
                -Pareces tão ingénua. – murmurou. Ela tinha razão, mas não era nada de mais e da maneira como tinha dito a filha parecia que uma obra de Deus.
                -O que se passa mãe? – Perguntou encostando-se no sofá à espera que ela falasse.
                -É que… há algo que nós precisamos de falar. Já passou tanto tempo e…
                -Por favor. – murmurou Cally cansada de tentar que eu não falasse sobre aquele assunto.
 Anita suspirou como fazia tantas vezes e Cally saiu para o quarto.

Dia 12

“És uma psicopata” A voz de Claire fez Cally acordar do seu sono. Ela não podia negar que aquelas palavras tinham-na abalado um pouco. Por vezes não sentia nada a não ser desejo, loucura e raiva. Quando isso acontecia tudo ficava um pouco distorcido e escuro. Não percebia o porquê de se sentir assim, de isso acontecer! Mas acontecia.
Cally olhou para o relógio que marcava as sete e meia da manhã e sentou-se na cama. Não conseguia dormir mais, estava sem sono o que era raro. Levantou-se e vestiu algo para a estação fria que começava a fazer-se sentir. Quando passou pela cozinha viu a mãe já de pé a tratar de uns papéis, mas não lhe disse nada, ou ela ainda recomeçava a conversa.
Foi dar um passeio pelo parque e na pista de skate estava Will. Ele adorava aquilo, o seu quarto tinha uma parede pintada de preto e nela havia vários skates que ele já não usa a fazer de prateleiras e são todos bonitos.
Will quando a viu abriu a boca espantado e foi ter com ela, muito lentamente.
                -O que fazes acordada tão cedo?
                -E tu? – Perguntou mal-humorada. Não era normal ela estar assim, normalmente é uma rapariga bem-disposta, mas o sono de hoje não tinha ajudado muito.
                -Eu tenho um ensaio para fazer e como não tenho tempo depois para andar de skate estou aqui agora. – Respondeu. Cally ficou admirada de ele não lhe ter perguntado o que se passava.
                -O que é que se passa Will? – Perguntou ela. Will ergueu uma sobrancelha e fez-se de desentendido.
                -O que se passa contigo, tu é que estás mal-humorada hoje.
                -Will. – Insistiu. Ele suspirou, porque sabia que, apesar de Cally o conhecer muito bem ela também não ia desistir.
                -Eu não me quero chatear Cally. – Disse-lhe.
                -Okay, assim eu vou-me sentar e tu dizes-me. Só te vais chatear se não me contares. – Cally sentou-se e Will seguiu-a coçando os olhos como se estivesse a ganhar coragem.
                -O Brian anda desaparecido. Ninguém sabe nada dele, simplesmente desapareceu. – Disse Will, quando ele ia continuar Cally mandou-o parar com uma mão.
                -Não precisas de continuar. Vais-me perguntar se eu lhe fiz alguma coisa não é?
Will assentiu e corou, não estava envergonhado por lhe ir perguntar aquilo, mas sim por estar a desconfiar dela.
                -Não, não lhe fiz nada. Nunca pensei nisso, mas olha que é uma boa ideia, assim posso pôr-te a cantar mais. – Cally sorriu, a sua boa disposição estava a voltar aos poucos. Will suspirou novamente, mas desta vez de alívio.
                -Porque é que és tão compreensível? – Perguntou-lhe ele. - Devias estar chateada - Cally sorriu.
                -Se não fosse ninguém gostava de mim.
O melhor amigo dela recostou-se no banco de jardim e olhou-a com mais atenção.
                -O que fazes aqui tão cedo?
                -Não consegui dormir mais. – Esclareceu-o.
                -Pesadelo?
                -Não se pode dizer que é, mas também não há palavra para isso.
Will assentiu e Cally não precisou de mudar de assunto porque ele não ia continuar a conversa. Ficaram algum tempo no parque, mas começou a chover e decidiram ir para casa de Will.
                -Por aqui, Cally? Como está o teu pai? Não o tenho visto. – Perguntou o pai de Will. O Senhor Moon, ele parecia adorar o pai de Cally apesar de terem "empregos" opostos. Claro que como todos, menos Will, ele não sabia de nada.
                -Ele está bem, ainda com muitas urgências ultimamente, não se preocupe que está tudo bem.
                -Ele anda com muitas urgências e eu com muito trabalho! Isto cada vez está pior. – Queixou-se o senhor, mal ele sabia que se estava a queixar à filha do causador de tanto trabalho.
                -Sim, pai está bem. Anda Cally. – Despachou-o Will. Entraram em casa dele. Com o dinheiro da banda Will tinha um casarão só para ele, mas por vezes o pai dormia lá.
                -Ele tem razão Will. O meu pai anda a exagerar ultimamente. – desabafou Cally.
                -Não vamos falar disso. – Pediu.
                -Amanhã vocês têm um concerto.
                -Sim, é um concerto num bar. Com o desaparecimento do Brian não sei o que vai acontecer, o Rock – referia-se a Ivan – quer desistir e procurar outro vocalista. O True - falava de Scott - quer esperar mais um pouco por ele.
O Brian gostava de estar na banda, mas andava desleixado ultimamente.
                -Não desistam, canta tu amanhã.

Will e os outros não quiseram sair e ficaram o dia todo a ensaiar, então Cally decidiu sair sozinha, podia ser que se divertisse com um gajo bêbado que andasse nas ruas. Apesar de ainda ser horas de jantar nos subúrbios de Washington DC, já era de noite e a noite trazia muitos bêbados à rua.
                -Olá! – Pensando num, lá estava ele. Um homem com os seus trinta e cinco anos já quase a cair para o lado direito. Ainda bem que a peruca e a sua maquilhagem a fazia parecer ter uns vinte e cinco anos ou mais.
                -Olá – cumprimentou Cally com a mesma palavra, mas tentando fazer-se parecer interessada.
                -Queres que eu te pague um copo, mulher fatal – Cally tentou disfarçar o quanto aquele suposto elogio lhe caiu mal, para além de não cair bem na frase que ele tinha formado, não era muito bom. Depois de perceber o segundo significado da coisa tentou não desatar as gargalhadas, foi uma proeza difícil, mas obtida.
                -Acho que um copo não, já bebeste de mais, não achas? Mas queres…
                -Sim! – Interrompeu-a logo que percebeu o que ela queria. Aproximou-se dela.
                -Calma! Vamos fazer isto como eu quero, está bem? – Ele assentiu, parecia um gajo cheio de fome – Então nada de toques – Cally sorriu e o homem ainda ficou mais empolgado com a situação. Os olhos dele brilhavam como estrelas e Cally puxou as mangas compridas para baixo tapando totalmente os braços. Colocou as luvas de lã e ajeitou o seu cabelo, que era uma peruca, de modo a parecer que se estava a recompor.
                -Óptimo, adoro tirar roupa – pervertido, pensou Cally.
                -Diz-me a verdade, tens família? Eu não sou ciumenta, só quero saber. – sorriu-lhe, um sorriso que não era só puxar os músculos para trás e mostrar os dentes, era algo muito trabalhado, e atraiu de imediato o homem.
                -Não, estou sozinho neste mundo. Agora podemos ir para minha casa? Está mesmo atrás de ti. – Para além de desejoso de lhe saltar em cima o homem estava a ser sincero, não tinha ninguém. Caso tivesse, não se embebedava antes das nove.
Cally olhou para a casa a cair de podre atrás dela e discretamente olhou para a rua para certificar-se que ninguém a via. Ela tinha escolhido bem, a rua não tinha qualquer bar que pudesse ter câmaras de filmar e consequentemente não tinha ninguém a passar que a pudesse ver com ele. As janelas das casas viradas para a direcção dele estavam todas fechadas, todas sem excepção, parecia que tinha sido tudo preparado para ela se entreter durante um bocado.
                -Sim. – respondeu indo em direcção à casa. O homem andou num passo rápido para a tentar agarrar, mas ela andou mais rápido não lhe permitindo tocar nem uma única vez. Foi apenas dar uma pancadita na porta com o sapato de salto alto que ela abriu-se. Tirou os sapatos antes de entrar e ficou apenas com as meias transparentes
                -Não queres beber nada antes? – Perguntou-lhe todo ganzado.
                -Não obrigada. Já venho. – E saiu da entrada para ir à casa de banho limpando a maquilhagem e tirando a peruca. Não retirou o elástico que apanhava o seu cabelo cor de laranja para o acaso cair algum cabelo que a pudesse denunciar. Agora, sem nada artificial, parecia ter a idade que tinha, dezanove anos e onze meses. Ela queria brincar. Saiu e quando o homem a viu olhou para ela de boca aberta.
                -És uma miudita. Esquece não vou para a cama com uma miúda. – olhava para ela com nojo, não de Cally mas dele próprio.
                -Uma miúda fatal – Cally tentou não se rir, aquilo soava tão mal!
Voltou a pôr a sua peruca e retirou a faca do bolso improvisado que tinha na cocha que era tapada pelas calças. Para a tirar fez uma posição exagerada que fez o homem abrir um pouco a boca, quase que se derretia. – Demasiado fatal para ti. – Sorriu-lhe cravando a faca perto do estômago. Ele não imitiu qualquer barulho, apenas abriu a boca com uma expressão dolorosa e esbugalhou os olhos. Cally pensou no nome que ele lhe tinha dado e rodou a faca, foi a primeira vez que ela o fez gritar. Quando a retirou veio qualquer coisa agarrada a ela, mas Cally não teve o tempo de ver porque ele agarrou-se ao pescoço dela apertando-o. Ela tinha pensado nisso, como era um homem daria luta e para que não lhe retirassem pedaços de pele dela debaixo das unhas do homem, na morgue, trouxe uma camisola de gola alta que mais tarde queimaria. Com força, rasgou o tendão dos dedos de uma das mãos que a queriam esganar e ele largou-a com um grito e acabando por cair perto da mesa. Cally verificou se as luvas estavam bem colocadas e colocou a mão na boca do desgraçado para o poder. Demorou cerca de um minuto para ele desmaiar e morrer. Cally ficou lá cerca de dez minutos certificando-se que o seu coração não batia mais.

 

Posto mais quando tiver sete ou oito ou nove comentários. 

 

publicado por Cate J. às 15:14
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De Eleanor. a 21 de Agosto de 2011 às 01:40
amei :D
quero mais!!!!!
o que será que aconteceu ao Brian?
beijos


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De
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